Dieta, saúde e rendimento

Dieta, saúde e rendimento
27 Julho, 2016

Parece que quando falamos em alimentação, a palavra PROTEÍNA está sempre ligada ao consumo de algum tipo de carne. Se alguém diz que vai parar de comer carne (seja pelo motivo que for), logo aparece alguém dizendo: “Mas da onde você vai tirar as proteínas que precisa?”

Bom, quando falamos de ingestão de proteínas, fatores como a composição de aminoácidos, a oferta de nitrogênio e a digestibilidade precisam ser considerados.

A composição de aminoácidos é importante pois, além da quantidade, precisamos ingerir os aminoácidos essenciais, que são os que conseguimos apenas através da dieta. Já o nitrogênio é importante pois é ele que ajudará o nosso organismo a sintetizar (montar) as proteínas. Vale um parênteses aqui, para explicar que TODA a proteína que o nosso corpo usa é endógena, ou seja, é fabricada pelo nosso corpo. Não absorvemos uma molécula de proteína inteira mas sim os seus aminoácidos, produtos da quebra dessa molécula durante o processo digestivo. Quem monta as proteínas que precisamos é o nosso próprio corpo.

Quanto à digestibilidade, isso significa a porcentagem de proteína que efetivamente é quebrada e absorvida no processo digestivo.

Considerando esses fatores, podemos organizar as proteínas quanto ao seu VALOR BIOLÓGICO. Nesse aspecto, os alimentos de origem animal são os que alcançam as maiores pontuações. No entanto, sabemos que a combinação de alimentos de origem vegetal que, isoladamente, possuem um menor valor biológico, pode compensar essa desvantagem e tornar o valor biológico da combinação alto.

Agora, em relação ao processo digestivo, os alimentos de origem vegetal levam vantagem quando falamos em tempo de digestão e de absorção. Enquanto os alimentos de origem animal promovem um esvaziamento gástrico mais lento e levam horas para passarem por todo o processo de digestão e absorção, até estarem disponíveis para as células do nosso corpo, os alimentos de origem vegetal precisam de menos do que 1 horas para isso.

Assim, quando escolhemos entre um tipo de dieta ou outro, o importante é mantermos o equilíbrio e a oferta adequada de aminoácidos e nitrogênio. Não importa se você opta por uma dieta vegetariana, vegana ou onívora e isso vale para qualquer fase da vida. A única questão aqui, fugindo um pouco do assunto proteínas, é a necessidade de monitoramento dos níveis de vitamina B 12 nos veganos, que normalmente diminui e necessita de reposição.

Indo um pouco mais além e pesando os benefícios de cada dieta, alguns atletas de ponta já estão optando por uma mudança de alimentação, com o objetivo de melhorar ou de manter o alto rendimento por mais tempo. Aqui precisamos considerar as várias particularidades entre os diferentes tipos de dietas, as características e preferências individuais de cada atleta.

Independente da origem ou dos hábitos de cada região do planeta, o corpo humano mostra mudanças no metabolismo com o passar dos anos e o processo digestivo não é o mesmo durante as fases da vida. A principal mudança é a progressiva diminuição da produção de ácido clorídrico pelo estômago, fundamental para a digestão das proteínas, entre outras funções. Pensando no tempo total de digestão da proteína de origem animal, que já é elevado em situações normais e considerando que com o passar dos anos esse processo pode ficar ainda mais lento, temos aqui um fator que pode influenciar negativamente o desempenho de um atleta. Esse pode ser um dos motivos que está levando muitos atletas de elite a substituírem a proteína de origem animal na alimentação. Com a combinação de ingredientes de origem vegetal esses atletas relatam melhora da disposição para os treinos e esse benefício vem em conjunto com outros, como por exemplo: menor índice inflamatório do alimento de origem vegetal, melhor conteúdo de gorduras, menor contaminação com a opção dos orgânicos (dificilmente encontramos produtos de origem animal totalmente livres de hormônios, outros medicamentos e conservantes), os alimentos de origem vegetal normalmente são mais frescos que os de origem animal e também o menor custo.

A dieta sem proteína animal é uma realidade no alto rendimento esportivo e a tendência é que cada vez mais atletas mudem os seus hábitos, conseguindo assim, manterem por mais tempo o alto rendimento e uma saúde melhor.

Estes são alguns exemplos de atletas que deixaram de consumir proteína de origem animal na dieta:

-Ilya Ilyin – Atleta do levantamento de peso do Cazaquistão, bicampeão olímpico, que decidiu retirar a proteína animal da dieta após os jogos de Londres, quando passou a competir em uma categoria de peso acima da que estava.

– Torre Washington – Bodybuilder americano, terceiro lugar em 2011, segundo lugar em 2012 e primeiro lugar em 2013 no Musclemania Universe Open Bodybuilding

– Meagan Duhamel – Patinadora artística canadense, bicampeã mundial e medalhista olímpica

– Andy Lally – Piloto americano 5 vezes vencedor das 24 horas de Daytona

– Cam F. Awesome – Boxeador americano tetra campeão americano amador dos pesos pesados

– Dustin Watten – Atleta da seleção americana de vôlei

– Pat Reeves – Powerlifter americana de 69 anos, recordista na sua categoria

– Scott Jurek – Ultramaratonista de 41 anos que estabeleceu o novo record na prova de 2000 milhas da Appalachian Trail

– Lizzie Armitstead – Ciclista britânica, medalha de prata na prova de contra relógio em Londres 2012

– Paavo Nurmi – Conhecido como o maior corredor de longa distância da história, ganhou 9 medalhas de ouro nas olimpíadas de 1924 e 1928

– Murray Rose – Nadador australiano vencedor de 4 medalhas de ouro nas olimpíadas de 1956 e 1960

– Edwin Moses – Corredor dos 400m, bicampeão olímpico, ficou imbatível nas pistas por 9 anos, 9 meses e 9 dias, período onde venceu 122 provas consecutivas

– Christopher Campbell, atleta do wrestling, bronze em Barcelona 1992 aos 37 anos.

– Martina Navratilova – Tenista vencedora de 18 Grand Slams (9 vitórias em Wimbledon)

Posted in Blog by Thiago Ferreira